domingo, 24 de abril de 2011

I Simulado de Cross Triathlon Chasqui TT


 Ontem, dia 23 de Abril de 2011. Foi realizado o I simulado de Cross Triathlon Chasqui TT. O evento idealizado pelo Cid Barbosa teve o apoio de familiares, amigos e participantes que tiveram a boa vontade de encarar uma manhã de sábado chuvosa.
  O evento ocorreu com largada, transições e chegada na lagoa de alcaçuz. Chegamos lá por volta das 7 horas da manhã debaixo de um temporal de chuva e muita ventania. Compareceram 7 atletas para fazerem o Triathlon e outros 4 fazerem o circuito de Mountain Bike. A natação teve 650m num percurso demarcado com duas boias na lagoa de alcaçuz. Cid preparou um circuito de Mountain Bike muito técnico de duas voltas de 19,5 km, somando 39 km no total  e a chuva acrescentou um grau a mais de dificuldade. A corrida foi de 3 voltas num percurso de 2,3 km que dava um total de 6,9 km alternando entre areia, subidas e barro.
                                       NATAÇÃO          MTB             CORRIDA               TOTAL


Raphael Gallardo                 1 12'02           1h54'16"           40'28 3v                  2h46'46 ok

Davi Taveira                        2 10'55           1h58'05"           57'00" 3v                 3h05' 00" ok

Jussier Lourenço                  3 14'46"         2h08'43            39'39" 2v                 3h02'08"

Victor Han                          4 18'50           2h11'41            54'01" 2v                 3h17'30"

Breno Galvão                     5 12'18"          2h06'31"           26'19" 1v                 2h45'08"

Alberto Mattioly                6 11'45"           2h33'23" parou

Karim Salha                      7 11'45"            parou

  OBS: Participaram do Simulado no percurso de MTB os atletas Toinho(1h55'20"), Marco polo, Marcuse de França e Adriano.
  Este foi o primeiro evento organizado Pela Chasqui TT e desde já agradecemos aos participantes e as pessoas que deram apoio a organização do treino e esperamos contar com todos num evento futuro com uma melhor estrutura.
  Cid Barbosa e Fabiano Barbosa.

terça-feira, 19 de abril de 2011

PARA NÃO PARAR MAIS

Traçar metas em seus treinos é essencial para que você se mantenha motivado e continue evoluindo na corrida
Por Fernanda Silva

Quase todos os corredores tiveram aquele "empurrãzinho" para começar a praticar o esporte. Seja manter-se em forma, emagrecer ou até tornar-se um profissional, um objetivo é um dos principais responsáveis por fazer um atleta manter o foco nos treinos. Mas as vantagens de traçar algumas metas na corrida não param por aí. Além de disciplinar os treinamentos, tem também a sensação de sucesso ao alcançar o objetivo.

Mas e depois de concluído o desafio, qual é o próximo passo? Para continuar motivado, o importante é não parar nunca de buscar algo novo. Depois de já se tornar um corredor, você pode, por exemplo, buscar diminuir seu tempo em provas ou até aumentar a distância. Mas para isso é necessário um planejamento correto, que inclui treinos específicos para cada objetivo.

“Os treinos devem ser direcionados às condições físicas atuais do corredor e as provas devem ser escolhidas também com base nisso”, afirma Enzo Amato, diretor técnico da Enzo Amato Assessoria Esportiva. “Às vezes, lançando um pequeno desafio seja na distância ou no tempo a ser batido, o corredor já se sente mais estimulado”, completa. A explicação para essa carga de motivação é simples. Nosso corpo tende a se adaptar aos exercícios a que é exposto e, com isso, ele se torna “fácil”. “Para driblarmos essa sensação é necessário variar os tipos de treinos e sempre descansar”, revela ainda o treinador.

Seja paciente e realista

O segredo do bom rendimento é dedicação e paciência. Além disso, outro fator relevante para o sucesso é que seu objetivo seja possível de ser alcançado. Sonhar muito alto pode desmotivar o atleta e trazer problemas maiores. “Uma boa preparação é feita de um bom treino de base e dedicação do atleta. Porém, não tente fazer mais esforço do que o corpo é capaz, cometer exageros nessa fase é um erro grave”, explica Sandro Figueiredo, diretor técnico da assessoria Treinamento Esportivo Sandro Performance.

Portanto, dê um passo de cada vez e pense muito bem as próximas etapas. “Não pule desafios, vença cada distância, comemore cada uma delas, tente melhorá-la e depois passe para uma distância maior, isso dará tempo para o corpo se adaptar a corridas mais longas, por exemplo”, aconselha Amato. Para complementar seus objetivos, opte por competições compatíveis com seu nível de condicionamento. “Escolha provas que possam ser realizadas conforme o seu nível técnico e tempo de treinamento já executado e sempre com metas reais”, finaliza Figueiredo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

SERVIÇOS:

                         Planilhas para Caminhada e Corrida:

Iniciação a Caminhada, Iniciação a Corrida,
5k, 8k,10k, Meia-maratona,Maratona e Corridas de Aventura.


Planilhas para Triathlon: 
                                                                  
  Iniciação ao Triathlon, Sprint, Olímpico, 70.3 e   
Ironman.  
     
                                  Planilhas para Ciclismo:

    
               Estrada e Mountain Bike                                              

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Escada a cima

Introduzir alguns degraus em sua planilha de treinamento pode melhorar sua velocidade e resistência nas corridas


Por Fernanda Silva

Para o corredor que deseja melhorar seu desempenho, o treinamento em escadas pode ser uma boa opção. Isso por que essa prática trabalha a parte do corpo mais usada pelos corredores: os membros inferiores. "O maior benefício dessa atividade física é o ganho de força nas pernas, isso para qualquer nível de corredor", explica Enzo Amato, diretor técnico da assessoria esportiva que leva seu nome. Ela auxilia também no “trabalho de resistência, aumento das passadas e da tolerância ao esforço", como completa Paulo Rennó, diretor técnico da Paulo Rennó Assessoria Esportiva.

Porém, tanto para o iniciante quanto para o veterano, a introdução dos degraus nos treinos deve ser feita de forma gradual. "Como qualquer treinamento, a escada é mais uma opção, o que a diferencia dos outros treinos convencionais é a quantidade e intensidade", afirma Amato. Para os que almejam uma melhora nas provas curtas, a melhor opção é adicionar a escada apenas em um dos dias de corrida. “Já para os que têm objetivos específicos, como provas longas e em montanhas, a escada pode ser o próprio treino", completa o treinador.

Como fazer?

Se você for iniciante na corrida, tente subir os degraus andando, uma vez a cada quinze dias. Após sentir-se confortável, você pode aumentar um pouco a velocidade e o volume, porém, apenas uma vez por semana. "Iniciantes só devem andar nas escadas, nada de correr!”, afirma Rennó.

Já se você tem mais tempo de rua, os treinos em escada podem ser feitos de três formas, de acordo com o que você busca:

Força: se você quer fortalecimento da musculatura, suba as escadas de três em três degraus, de forma mais lenta e com alguma sobrecarga*;

Potência: a velocidade pode ser adquirida com o corredor subindo de degrau em degrau, de forma mais rápida e sem carga;

Resistência: para conquistar resistência, use uma carga baixa, subindo de dois em dois degraus, com um tempo longo de treino.

Não se esqueça de procurar um treinador, que o orientará melhor quanto a melhor forma de realizar os treinos e também a periodicidade.

Alerta

Todo novo exercício que é introduzido nos treinos deve se encaixar no planejamento da corrida de maneira correta, principalmente para evitar lesões. "Um grande erro é colocar treinos de escada em semana de prova. O corredor demora alguns dias pra se recuperar do treino e isso prejudicará a sua performance", explica Rennó. E não esqueça o descanso! "É importante dar mais dias de intervalo entre os treinos em escadas. Faça de forma progressiva: comece fazendo de 5 a 10 minutos por treino e aumente aos poucos", aconselha Amato. Além disso, o treino de corrida em escadas não deve ser muito longo, pois exige muito do corpo, o que pode gerar um maior desgaste físico.

Mais dicas dos treinadores

- Olhe para os degraus. Não fique a todo o momento levantando a cabeça para ver em que piso você está, isso pode causar tontura

- Às vezes, a distribuição dos degraus faz você dar mais passos com uma perna. Repare nisso e trabalhe as duas por igual.

- Sempre faça um excelente aquecimento antes deste treino e não se esqueça do alongamento

Subir escada é até corrida!

Desde 1978, a cidade de Nova York recebe o Empire State Building Run Up. São 86 andares e 1.576 degraus, que os milhares de inscritos tentam superar no menor tempo possível.

quinta-feira, 31 de março de 2011

PERFIL DE OSCAR GALINDEZ

Idade: 39


Local de nascimento: Rio Tercero (Cordoba-Argentina)

Formação acadêmica: Técnico Eletrônico e Mecânico.

Peso, Altura: 72 kg antes de comer, 174 cm.

Melhor modalidade: todos dizem que ciclismo.

Melhor resultado: depende da época, tenho vários títulos conquistados em 25 anos de carreira, veja abaixo um resumo:

- Vice-campeão Mundial de Ironman 70.3 World Championship Clearwater – Florida, EUA 2007

- Campeão Mundial de Duatlo – Cancun 1995

- Campeão Ironman Brasil – 2003, 2006 & 2007

- 11º lugar – Ironman World Championship Hawaii – 2005

- Bronze nos Jogos Pan-americanos de Mar del Plata 1995, Santo Domingo, 2003

- Campeão Argentino de Triatlo Long Distance 2009, 2010

- Atleta olímpico Sidney – 2000

- Pentacampeão Pan-americano de Triatlo – 1992, 1993, 1994, 1998 & 2000

- Dez vezes Campeão Argentino de Triatlo

- Campeão Half ISS Mar del Plata 2010, 2009, 2006, 2005 & 2004

- Heptacampeão Troféu Brasil de Triatlon

- Heptacampeão do Triathlon Internacional de Santos – 1993, 1994, 1998, 2000, 2001, 2003 & 2006

- Campeão Ironman 70.3 Cancun, 2007 & 2009

- Vice-campeão MIT (Miami International Triathlon (2008)

- Campeão Triatlo Olímpico Recco (GE-Italia), e Lido delle Nazioni (FE-Italia) 2002

- Campeão Triatlo Meio Ironman Idro (BS-Italia) 2002

- Campeão Ironman 70.3 Rhode Island – USA, 2008

- Campeão Ironman 70.3 Brasil, 2006 &2008

- Hexacampeão Ironman 70.3 Pucón, Chile 1998, 2003, 2004, 2006, 2007 & 2009




1. Como iniciou no Triathlon, e o que lhe motiva e lhe deixa mais feliz no esporte?

Nasci em Río Tercero, na província de Córdoba. Com apenas 8 anos de idade comecei a praticar Atletismo, quatro anos depois embarquei no Basquete. Em 1986, porém, quando investia em minha carreira de técnico Eletromecânico o destino me preparava um novo desafio em um esporte novo (surgido 8 anos antes): o Triathlon

Depois de ver o Ironman em um programa de televisão, decidi aceitar o desafio de competir em uma prova de Triathlon na Província de Córdoba. Começaria assim uma paixão alimentada pelo desejo de superação.

No dia que cruzei a linha de chegada do meu primeiro desafio, descobri o guerreiro que havia dentro de mim.

Com este lema conquistei inúmeras vitórias, que me levaram a construir uma grande trajetória esportiva com mais de 20 anos. Acabei me convertendo no maior expoente argentino da especialidade e um dos melhores triatletas da América Latina, bem como do mundo todo.

2. Um momento marcante da sua carreira?

Também depende da época já que tive vários momentos legais. Por exemplo, quando conquistei o bronze nos Jogos Panamericanos 1995, no Campeonato Mundial de Duathlon em 1995 em Cancun/México, e o Vice-campeonato Mundial de Ironman 70.3 em Clearwater 2007.

3. Quais as suas expectativas/preparação para competir o GP Extreme?

Tenho boas expectativas, é uma prova com formato novo, muito interessante, que pode ser usado como treino para provas Ironman. O fato de ter um ciclismo longo e uma corrida curta facilita a acelerar a recuperação. Outra novidade boa é fazer a prova tipo Time Trial. Também posso disser que a prova chamará a atenção dos ciclistas para tentarem o desafio, pois a natação é pequena. Definitivamente, estou empolgado para competir no GP Extreme!

4. Uma dica aos atletas amadores que irão competir na prova?

A natação não fará a diferença no resultado final, mas o ciclismo é longo, portanto, acredito que devam tomar cuidado, controlando o ritmo para não quebrar depois.

5. Oscar, por favor, Deixe uma pequena mensagem para seus fãs do Triathlon.

Faça tudo com determinação e amor, preparar-se treinando e sonhando com os objetivos que podem ser conseguidos. Aprenda a tornar-se um ser integral.

Grande abraço,

OG

quarta-feira, 30 de março de 2011

Correndo no limite

treinamento em excesso aliado à falta de descanso pode levar o atleta ao overtraining. Conheça os sintomas e saiba como evitá-lo

Por Fernanda Silva

A busca por bons resultados pode fazer com que o corredor exagere nos treinos, não se preocupando adequadamente com o descanso e a recuperação. Essa atitude pode gerar cansaço excessivo, irritabilidade, alterações no apetite, problemas com o sono, dores e também lesões, levando o corpo ao seu limite de esforço. É o chamado overtraining, que faz com que o atleta, em vez de ganhar com os treinamentos, passe a perder performance.

Para diferenciá-lo do cansaço normal depois de um treino pesado, é necessário ficar atento aos sintomas citados, que, caso não passem após o descanso, devem ser tratados. "Quando há suspeita que um atleta esteja com os sintomas e sinais de overtraining, faz-se necessária uma consulta médica, para reduzir o risco de lesões sérias", explica o fisiologista Raul Santo de Oliveira, que ressalta a importância de aliar uma boa alimentação aos treinos.

Tire uma folga

A falta de descanso é um dos principais fatores que levam o overtraining. Portanto, para elevar seu desempenho e atingir suas metas, é necessário que você se recupere do esforço. Para fazer isto corretamente, Miguel Sarkis, diretor técnico da assessoria esportiva Miguel Sarkis Personal Trainer, dá a dica. "Um fator muito importante é dividir a periodização dos treinos, isto é, fazer um treino programado e organizado de acordo com a sua característica individual, suas metas e condições". Um dia ou dois longe da corrida na sua semana vai te dar, acredite, uma melhor performance no futuro.

"Respeite os períodos adequados de repouso e recuperação, especialmente durante os períodos de maior sobrecarga, como no período pré-competição", aconselha o Oliveira, que afirma ainda que as mudanças no treinamento também podem sobrecarregar a rotina de exercícios. Portanto, ao evoluir sua distância em um prova, por exemplo, e aumentar as cargas de volume e/ou intensidade, faça isso de forma gradativa.

Outro fator que pode te levar a este ponto é o estresse do dia-a-dia, causado pelas preocupações como trabalho, casa, estudos etc. Ou seja, os compromissos diários também podem atrapalhar o descanso e a recuperação. Tente conciliar de forma agradável seus compromissos com o esporte, já que esse tipo de cansaço só te levará ao limite mais rápido.

Teste

Faça o teste sugerido pelo treinador Miguel Sarkis e veja como deve ser seu treinamento diário.


terça-feira, 29 de março de 2011

Uma portuguesa de ouro

Hexacampeã da São Silvestre, Rosa Mota encantou o mundo com suas vitórias e colheu triunfos por onde passou


Por Nanna Pretto

Em 1981, quando a portuguesa franzina se aquecia na largada da São Silvestre, ninguém imaginava que começava ali um reinado, até hoje não superado nem pelos homens. Fazia pouco tempo, cerca de um ano, que a corredora Rosa Mota, na época com 23 anos, começara sua carreira no atletismo profissional. E a prova brasileira era parte do treinamento para as conquistas olímpicas.

Rosa não conhecia o Brasil, muito menos o percurso da corrida, que estava aberta para participação feminina havia apenas seis anos. Com algumas referências dadas por atletas conterrâneos, ela preferiu poupar energia para o final. Até o largo de São Francisco – o trajeto ainda tinha a subida da Consolação antes da Paulista –, Rosa foi comedida e somente então passou a forçar mais o ritmo. Na briga pelo título, a portuguesa ultrapassou a alemã Heide Hutterer, que havia vencido no ano anterior. A segunda colocação ficou com a norte-americana Katy Schlly, cotada como favorita.

Empolgada pela conquista, Rosa prometeu muito preparo para defender o título no ano seguinte. O que ela não sabia é que repetiria essa atitude por mais cinco vezes consecutivas. “Não sei se virei ao Brasil no próximo ano. Mas já vou começar a me preparar para esta competição. Quero voltar e lutar por mais uma vitória", comentou a campeã na entrevista coletiva após a premiação.

Uma vida nada cor-de-rosa

Ainda criança, Rosa Mota corria pelas ruas do Porto para fugir do medo do escuro, na zona antiga da chamada Foz Velha. Apaixonada pela natação e ciclismo, a portuguesa foi obrigada a escolher a corrida por ser uma modalidade mais econômica. Seu sonho era ser campeã para dar um apartamento aos pais. Ao descobrir que tinha asma, a corrida tornou-se necessária para manter a doença sob controle.

Na busca da cura, Rosa se aproximou do médico José Pedrosa, que a tratou e lançou-lhe o desafio de correr uma maratona. Com dois anos de treino, em 1982, ela sagrou-se campeã da Europa, na Grécia, exatamente no percurso feito pelo soldado Filipíades para anunciar a vitória sobre Tebas na Batalha de Maratona (feito histórico que deu origem à modalidade dos 42.195 m).

Naquele mesmo ano, a atleta portuguesa voltou a correr nas ruas de São Paulo, conseguindo o bicampeonato e uma dobradinha lusitana no pódio, com o corredor Carlos Lopes. Rosa liderou de ponta a ponta e no final fechou os 13 km de prova com o tempo de 47min21s.

A constante presença da colônia portuguesa durante o percurso motivou a corredora, que também recebeu o carinho dos brasileiros. “Vendo este público maravilhoso e a colônia portuguesa presente, já começo a pensar na próxima São Silvestre.”

De fato, em 1983, lá estava ela novamente, na prova que considerou sua melhor apresentação em São Silvestre. Como no ano anterior, ela assumiu a ponta nos primeiros metros e não foi mais ameaçada. Chegou à subida da Consolação com sobra no fôlego e não se deixou pressionar pelo trecho puxado. Assegurou o tricampeonato com a marca de 43min41s59 em um percurso um quilômetro mais curto que o do ano anterior. “Após a largada, só interessa chegar em primeiro. Este desafio é fascinante.”

O ano de 1984 foi consagrado pela conquista da medalha de bronze na maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles. No dia 31 de dezembro, a portuguesa se preparava para a quarta participação na São Silvestre. A hegemonia, no entanto, estava ameaçada. Ela disputaria o título com a brasileira Jorilda Sabino, que corria descalça, mas determinada. No final, não deu para a “atleta da casa”, que viu a adversária comemorar seu quarto título com o tempo de 43min35s57, nos 12 km.

A receita para a conquista era simples: "É preciso descansar e treinar. Este é o segredo para chegar ao tetracampeonato", explicou Rosa.

Feito histórico na prova brasileira

Em 1985, aos 27 anos, Rosa Mota se tornou a única pentacampeã da São Silvestre. Neste ano, precisou de 43min0s85 para decidir a vitória que ela disse ser "mais fácil de conquistar do que fugir dos autógrafos e dos jornalistas".

No ano seguinte, em 1986, o título imbatível de seis vitórias consecutivas foi o mais sofrido. Rosa começou bem a prova, mas, na descida da Brigadeiro Luiz Antônio, foi empurrada por uma das adversárias e caiu. Machucou o joelho, o cotovelo direito e perdeu o sentido de direção por alguns momentos.

Quando já pensava em desistir da briga pelo título, o corredor português Jorge Martins passou por ela e disse que não parasse de lutar. As palavras foram decisivas para sua recuperação. Ultrapassada por várias atletas, ela foi superando uma a uma, menos a suíça Marine Oppliger, com quem duelou até perto do fim. Na subida da Consolação, a liderança se alternou até a portuguesa assumir a ponta definitivamente. No final da prova, com o tempo de 43min25s, ela encerrava sua participação na tradicional corrida do último dia do ano, mas não a sua trajetória.

A glória internacional

Na maratona de Chicago, em 1983, faltavam apenas 800 m e o primeiro lugar era disputado por Rosa e a neozelandesa Anne Audain que, exausta, caiu e abandonou a prova, deixando a portuguesa livre para a vitória. Era o terceiro triunfo em quatro maratonas e seu primeiro grande prêmio em dinheiro, cerca de US$ 16 mil (R$ 33 mil). Na época, a mãe dela relatou: “Após cruzar a linha de chegada, Rosa correu para um telefone, ligou, perguntou como estavam todos em casa e disse que tinha ganhado a maratona. De dinheiro nada falou. O seu sonho era comprar um apartamento."

Bronze olímpico

Em 1984, na maratona dos Jogos de Los Angeles, a disputa foi difícil na categoria feminina. A americana Joan Benoit corria em casa com o estímulo da torcida, conhecia bem o percurso e estava disposta a decidir rapidamente a corrida. Joan atacou muito cedo, deixando para trás Rosa e as norueguesas Grete Waitz e Ingrid Kristiansen. Com o decorrer da prova, Kristiansen quebrou e foi ultrapassada por Rosa, que alcançou o terceiro lugar, quando faltavam 2 km para o final, e ali se manteve. Era a primeira portuguesa a conquistar uma medalha olímpica.

Essa medalha vingava as afrontas e ameaças que sofrera por ter trocado a vila olímpica pelo hotel da Nike, pois essa era a forma de ela ser acompanhada pelo técnico José Pedrosa, que não havia sido credenciado pelo Comitê Olímpico Português como treinador. Para entrar no estádio ele teve de se “transformar” em repórter. "As pessoas não percebem que a perturbam quando tentam me atingir.

Como se atrevem a dizer que não sabiam se a Rosa Mota estava em Los Angeles para correr ou a passeio?”, declarou Pedrosa na época.

Superação e recorde em Chicago

Depois das Olimpíadas, Rosa escapou das festas em homenagem aos atletas medalhados e se instalou em Boulder, no Colorado, por três meses, buscando concentração e tranqüilidade para treinar para novas vitórias.

A Maratona de Chicago, ainda em 1984, foi feita em difíceis condições. “Estava gelada dos pés à cabeça. Agora que aquilo passou, vejo que foi um pesadelo. O frio já é o diabo, chover complica, e o vento me deixa doente. Calcule, agora, as três coisas juntas.”

Após desbancar a norueguesa Ingrid Kristiansen, na metade da prova, Rosa correu os últimos 20 km sozinha, cruzando a linha de chegada com a quebra do recorde, em 2h26min21s. A vitória e o recorde valeram a Rosa o prêmio de cerca de US$ 36.600 (R$ 77 mil).

Em 1986, foi o momento de Rosa se consagrar no Campeonato da Europa, realizado em Stuttgart, Alemanha. Todos estavam rendidos à melhor maratonista mundial. Para Rosa, a prova foi fácil e o suplício ficou por conta do exame antidoping, pois ela ficou duas horas e meia esperando que a vontade de urinar chegasse. A ponto de os enfermeiros sugerirem que Rosa tomasse algumas cervejas. Por conta do demorado xixi, a cerimônia de entrega das medalhas ficou para o dia seguinte.

Na maratona de Tóquio, em 1986, não foi o primeiro lugar que chamou a atenção da atleta portuguesa, e sim a admiração que os japoneses têm pelos maratonistas. "Foi uma prova vista por meio milhão de pessoas, sempre eufóricas, em um percurso protegido por mais de 3.000 policiais. Fiquei embasbacada quando nos contaram que o sistema de segurança era para que o público não tocasse nos maratonistas que são, para eles, como deuses na terra”, disse Rosa, na época.

A maratona de Boston foi a décima de Rosa e a sétima vitória. A rival Joan Benoit, que decidira de última hora não participar da competição, declarou: “Se eu tivesse tentando, não teria, certamente, feito melhor, porque, correndo como correu, nas condições em que correu, Rosa era imbatível.” Entre os prêmios que ganhou, Rosa abriu mão de um Mercedes, porque os impostos para transportar o carro para Portugal eram muito altos. Só na segunda vitória, em 1988, quando ganhou um outro Mercedes, é que o governo português isentou-a das elevadas taxas e ela pôde aproveitar o carro.

No ano seguinte, a portuguesa dedicou a vitória na maratona do Mundial de Roma à amiga Grete Waitz, que não pode participar naquele ano. A velocidade aplicada por ela na corrida deixou José Pedrosa em pânico. O técnico gritava a todo instante para ela abrandar o ritmo. Em vão. "Eu reduzia quando Pedrosa gritava, mas 100 m depois já estava rápida novamente. Se me sentia bem, por que diminuir?" Talvez a velocidade viesse com a expectativa de ver o papa. “Ao passar pela praça de São Pedro, olhei para cima, para a janela do Papa. Sinceramente, pensei que ele lá estivesse, para ver passar a corrida. Não estava, paciência."

Enfim o ouro

Depois das andanças e medalhas nos campeonatos europeus e mundiais, o público português “exigia” de Rosa o ouro olímpico em Seul, em 1988. Na competição, ela se manteve sempre entre as três primeiras posições, em uma acirrada disputa.

A responsabilidade era enorme porque as expectativas eram muito altas. Na véspera da prova, a corredora foi recebida pelo embaixador português, que lhe entregou um ramo de flores: "rosas para a nossa Rosa".

Nos primeiros quilômetros, seguiam na frente todas as favoritas, a australiana Lisa Martin, a alemã Katrin Doerre, Rosa Mota e Grete Waitz, que, aos 35 anos, se despedia das pistas. A decisão aconteceu nos quilômetros finais. No km 38, aproveitando uma descida e na seqüência de uma recomendação de José Pedrosa, Rosa Mota aumentou o ritmo em busca da primeira posição. Rapidamente ela ganhou terreno e a certeza de que seria a vencedora.

"Pedrosa tinha me recomendado que, aos 38 km, se ainda fosse acompanhada, olhasse para ele. Olhei e ele me disse: `Rosa, é agora ou nunca.´ E eu fui embora. Foi mais difícil do que em Roma, os maratonistas gostam de dizer que a última maratona é sempre a melhor, mas esta parecia que nunca mais chegava ao fim. Foi a vitória mais saborosa", explicou Rosa ao fim da competição.

A dor da aposentadoria

Apesar de todo o sucesso, Rosa Mota sofria de ciática (irritação e dor no nervo ciático), o que não a impediu de colecionar triunfos. Mas, em 1991, disputando o Campeonato Mundial em Tóquio, viu-se obrigada a abandonar a corrida. Finalmente retirou-se das competições quando não conseguiu terminar a maratona de Londres, no ano seguinte.

"Tóquio foi a maior decepção da minha vida! Aos quatro quilômetros já me sentia mal. Recuperei. No km 25, foi o colapso. Senti uma tristeza muito grande, não por ter perdido o título mundial, mas por não ter podido fazer aquilo que parece tão natural, correr. Parecia ter as pernas presas por correntes de chumbo."

Considerada uma “Embaixatriz do Esporte”, Rosa Mota ganhou o prêmio Abebe Bikila, em 1998, pela sua contribuição no desenvolvimento do treino das corridas de longa-distância.